quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Onqotô?

Oi pessoal, Feliz 2011 a todos!
Quero falar de algo tenho a algum tempo na minha cabeça. Ano passado meu irmão, que é louco por dança, teatro e música, emprestou-me um DVD de dança do GRUPO CORPO – Companhia de dança. O título era estranho, mas soava bem, ONQOTÔ.

O Rafa, meu irmão, é louco por eles ele tem todos os Cds e Dvds do Corpo. Bom, comecei a assistir, um som de floresta mista com algo indígena veio se instalando no ar, vinte bailarinos começam a dançar e emitir barulhos como de sapateado com uma coreografia um pouco dessincronizado, parecia um caos.

Na segunda musica o sapateado continuou sincronizado com a coreografia, e uma voz ecoou era inconfundivelmente baiana e conhecida, Caetano Veloso. Nas musicas seguintes não tinha como não perceber a linda obra que estava a minha frente. Era mais que brasileira era a essência do Brasil, muito uso do quadril, muito molejo. Porem com uma técnica clássica perfeita.

A trilha de Onqotô é incrível, e o tema que Rodrigo Pederneiras, coreógrafo, José Miguel Wisnik, Caetano e todo Corpo escolheram é de uma poesia só, o sentido do mundo e da condição humana. Camões “Onde pode acolher-se um fraco humano/ Onde estará segura a curta vida/ Onde não arme se indigne o céu sereno/ Contra um bicho da terra tão pequeno”, e Gregório de Matos “Quem não cuida de si, que é terra, … erra,/ Que o alto Rei, por afamado … amado/ É quem lhe assiste ao desvelado … lado/ Da morte ao ar não desaferra, … aferra”, explicam.

Vendo o making off do espetáculo descobri que Onqotô é uma expressão mineira para: Onde eu estou? E também descobri que no ano em que este espetáculo estreou, 2005, iria completar 30 anos de Grupo Corpo. Então logo veio na minha mente como que esta companhia tinha 30 anos, agora 35 anos, mais de 15 grandes espetáculos. E eu só fui ouvir falar deles em 2010?

A dança no Brasil é pouco divulgada, é difícil para bailarinas e bailarinos seguirem carreira aqui, porque a maioria das companhias não tem incentivos e não conseguem seguir, o Corpo é uma raridade, pois conseguir manter-se por 35 anos, com este pique não é para todos. E o público também contribui para este declínio, já que não vão ou teatro para prestigiá-los. Mais ou menos 60% das apresentações do Corpo é no exterior.

Enfim, para promovermos a dança brasileira e prestar uma homenagem ao Grupo Corpo, farei uma serie de textos sobre esta companhia mineira. Aguardem, porque tem mais dança por ai.


Contador Grátis